Uma maravilha coloniza nosso corpo

Dois rios, 2002, grafite sore papel, 70x100cm.

Foi quando entrei na Jureia, no início dos anos 1980, que, pela primeira vez, me encontrei com lugares verdadeiramente miríficos: uma natureza colossal, remota, sem nenhum traço de civilização permeando a vista. Em alguns momentos me vi dentro de um universo especular, de uma placidez hipnotizante. Vinte anos depois entendi, ou percebi, que as sensações que permeiam os sentidos quando se está nesses lugares, colonizam lentamente tua imaginação ao longo das décadas. A fronteira entre o imaginado e o observado se dissolve, e você já não é capaz de dizer se a sensação de já ter estado ali vem do sonho, da imaginação ou da natureza. “Somos todos rios de uma mesma água”, diz Raúl Zurita.

Francisco Faria

2020-03-08